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07
Set15

Sexta feira tinhamos uma Gabriela muito mais alegre, "já é fim de semana", "amanhã não há escola", "temos dois dias sem escola".

Foi uma semana tão intensa em que cada vez que falavamos na "escola" havia lágrimas, soluços, dores de barriga, comichão que optei (provavelmente de forma errada) por não tocar nessa palavra o fim de semana todo. Parecia aquele jogo do "o primeiro a dizer a palavra NÃO perde", aqui quem dissesse a palavra "escola" perdia, mas foi um jogo muito fácil de jogar porque ninguém estava com vontade de o fazer...todos ganhamos.

Tratei dos lençois que leva para a escola, das roupas, mas não coloquei nada na mochila, a mochila estava lá parada no sitio onde tinha ficado na sexta feira às 16:30 quando chegou ( retirei de lá as roupas para lavar e dei uma vista de olhos pelo caderno dos recados "comeu bem", "dormiu bem")... Eu sei a teoria, sei que deviamos falar do assunto, sei que precisavamos de conversar (mais ainda), teria feito isso com os meus sobrinhos e os filhos dos meus amigos, com os meus alunos ... mas naquele momento, com a minha filha, que nasceu de mim e que amo de uma forma que nem sabia ser possivel amar optei por cuidar da melhor forma que consegui, queria que ela estivesse dois dias sem dor de barriga, sem diarreia, sem nervos. Queria-a em paz.

Fizemos (o Pai) um bolo, vimos o Frozen duas vezes, o Toy story, brincamos com a cozinha que ela recebeu de presente no dia do batizado e que adora, fomos ao parque, fomos para casa dos avós, apanhamos figos, jogamos à bola com os marmelos caídos no chão em casa dos avós,comemos gelado numa gelataria da cidade, passeamos muito, ela calçou botas como pediu e levou muitos beijos e mimos (ralhetes também claro, que esses nunca podem faltar)!

Ontem deitou-se cedo,depois de jantar, eram 8 e pouco, não queria que eu cantasse nenhuma música das que ela já sabe (ela sabe todas), dei por mim a relembrar músicas de infãncia que nem me lembrava que ainda sabia "Fui no trólaró buscar água não achei. Achei uma menina que no trólaró deixei.... " Ela adormeceu! O Pai foi buscar um Swirl para adoçar a nossa alma...dos dois!

Não me apetecia que amanhã já fosse segunda feira, sim, eu sei que temos que enfrentar os problemas, sei tudo e mais alguma coisa, mas não me apetecia pronto!!

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Acordei com a mesma atitude de sempre (da semana anterior toda), entusiasmadissima (sabe Deus) por ser mais uma semana de escola. "uau Gabriela estivemos tão atarefados o fim de semana todo que nem nos lembramos que já é segunda feira, dia de aulas", "que maravilha, quem me dera voltar à escola". Ela de voz trémula dizia que não queria ir. Perguntei porquê, mas ela ignorava... Continuei a minha conversa "a tua prima Sofia já está na escola, a tua amiga Beatriz que conheceste nas férias também já esta lá ", "O Duarte e o rafael estão ansiosos por ir, mas têm que esperar mais um tempo porque ainda são pequeninos, coitadinhos...", ela ouvia mas não comentava.

Comecei a contar-lhe episódios do meu tempo de escola, dos que mais me lembro são aqueles em que eu ficava aos cuidados dos meus irmãos quando a minha Mãe tinha que sair cedo para trabalhar, da minha irmã que tinha 17 e do meu irmão 19, a Lena fazia-me penteados mas quase me arrancava o couro cabeludo (provavelmente dirá ela que eu é que era queixinhas), o meu irmão vestia-me com um fato de treino e uns sapatos de verniz e o pior é que numa dessas vezes foi dia de fotografia da escola, ficou a lembrança... Mas não foram essas que eu lhe contei! Contei que eu adorava ir para a escola, estava sempre ansiosa (sei lá eu, provavelmente é mentira), e que na escola aprendi muita coisa (isto é verdade). Ela perguntou-me se a minha Mãe me comprou uma caneta da doutora brinquedos e se eu levava pintarolas para a escola, respondi que não e encerrou o assunto com, "a tua mãe era um pouco chata", quando chegaram os avós para a irem levar contamos-lhes da nossa conversa e a avó disse"ui, no nosso tempo não havia nada disso", não respondi mas pergunto agora, nosso tempo? como assim nosso tempo?????

Agarrou-se ao meu pescoço, desta vez nem com os avós queria ir...dizem eles que depois lá correu bem, digo eu que nunca mais são 16:30.

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Uma nota para Gabriela quando ler isto

- Minha filha, espero que quando te convidarem para ir a um bar, a uma discoteca, sair até à meia noite ou mais ainda, tu faças birras iguais a estas, porque nessa altura se não as fizeres tu, faço-as eu.

 

 

 

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02
Set15

O segundo dia de aulas

por Blog*da*Mary

Contrariamente áquilo que eu pensava, a Gabriela não se adaptou bem a esta nova fase...

Ontem quando a deixamos na escola deu a mão à Educadora e não olhou mais para nós, continuou a sua vidinha como se fosse a pessoa mais independente do mundo, depois foi-nos dito que ficou uma hora agarrada à mantinha e chupeta (duas coisas que ela usa única e exclusivamente para dormir), a choramingar e a dizer que tem saudades dos Pais.

Por momentos relembrei a minha Mãe, num contexto completamente diferente, esteve 9 meses doente em camas de hospitais, inclusive no IPO, mas estava sempre feliz, alegre, a dizer piadas, parecia que nada se passava, as minhas amigdalites é que eram a coisa mais complicada da vida dela, tinha de as curar, tinha que cuidar de mim, ela estava bem, claro que estava, só tinha um tumor maligno e estava em fase terminal.

Só uma vez a encontrei a choramingar e mesmo assim ainda respondeu com uma piada, estavam a administrar-lhe um medicamento qualquer, um antibiótico talvez, que passaria naquelas veias já tão massacradas, era um medicamento de um amarelo forte...entrei no quarto e vi a cara dela de dor, perguntei: "estás com dores ou triste"? ... (...) "estou triste, servem-me este whisky e nem duas pedrinhas de gelo?, ahahaha, não estou nem uma coisa nem outra, como correu a escola??"

Ela era a pessoa mais forte que conheci, a Gabriela é muito parecida com ela, reage sempre com muita força a tudo, está sempre bem, não tem nunca problemas, resolve tudo sozinha (ou pelo menos tenta).

Dizerem-me que a minha menina esteve a chorar relembrou-me os dias em que eu aparecia de surpresa no IPO do Porto e me diziam:" ela hoje esteve a chorar", parecia impossível. A minha Mãe dizia logo que eram umas tontas exageradas, chorar, onde já se viu, que motivos tinha ela para chorar? A Gabriela nem respondeu quando a questionei sobre o choro...

Ontem quando chegou a casa perguntei-lhe sobre a escola, mas ela era muito vaga, "comi sopa" (eu reparei porque metade estava no vestido novo), e depois falava mais do que não tinha feito, "não fomos ao parque"... perguntei-lhe se amanhã queria voltar, respondeu-me que sim.

Voltamos a perguntar-lhe como foi a escola e respondeu que foi "um pessimismo", não percebemos, tentamos que ela explicasse, mas ela afirmou que era um pessimismo e mais nada, apenas isso, um pessimismo. ok...

Ao jantar ainda me perguntou: "mas então tu não és professora"? (não percebe porque tendo uma professora e outros meninos em casa tem que ir para outra escola com outra professora e outros meninos).

Hoje já não estava o Pai (acabaram as férias dele), acordou 10 minutos mais cedo do que o meu despertador, e disse-me logo que não queria ir à escola.

Enquanto nos preparávamos e preparávamos o pequeno almoço tentava convencer-me "lá não cantamos mas aqui em casa sim", "lá não pintamos nem fazemos trabalhos mas aqui em casa sim", "lá não lavei os dentes mas aqui em casa sim". Eu dizia-lhe que lá foi o primeiro dia, ainda estavam atarefadas com as novas crianças, os choros, a adaptação mas que depois tudo seria melhor e que ia fazer amigos, ela respondia que aqui em casa já tinha os amiguinhos.

Pelo caminho pedia-me para ficar lá com ela, para não a deixar sozinha, que eu tinha que ficar.

Quando chegamos disse muito feliz: "esta é a minha Mãe sabiam? Vai ficar comigo"!

E foi com muita dor no peito que tive que a deixar a chorar enquanto repetia "eu em casa pinto e danço e canto, não preciso vir para aqui, eu quero ir com a minha Mãe, eu não fico aqui!!!"

Foi uma surpresa, não imaginava nada disto, ela é a menina mais sociável que conheço, adora estar com pessoas novas a fazer coisas diferentes...sempre a surpreenderem-nos os nossos filhos.

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